No decorrer da preparação das formações /workshops para o próximo ano lectivo, uma das cabeças pensantes aqui do Ideias&Creação disse:
– “Podíamos preparar uma formação sobre Boas Práticas Educativas em contexto de Creche e Jardim de Infância (ou outros espaços educativos)”
e, uma das outras cabeças pensantes aprofundou estes considerandos e...
- …bem, e que tal, em vez de uma formação isolada, formarmos grupos, à semelhança do que temos no decorrer da formação inicial dos cursos de educadores de infância, nos célebres Seminários de Estágio? Em que se debate e aprende o que se deve e não deve fazer ou qual a maneira mais politicamente correcta para vivenciarmos o nosso dia-a-dia com as crianças e as famílias! E, como nos sabia tão bem estas aulas, porque saíamos de lá a sentir que sabíamos sempre mais um bocadinho e, ao mesmo tempo, a pensar que o que aquela colega está a fazer é tão interessante que também vou experimentar na minha sala com os meus meninos (estes pensamentos de “ meus meninos” é mesmo muito nosso, de educadoras) e acrescentamos assim um pouco mais ao que vamos fazendo e temos também um “colo” (lá voltamos nós à meninice, outra vez!) que nos permite desbravar mundo, o mundo das nossas crianças, claro está e…, e…
- Boa, excelente Ideia! Fantástico! – aqui fala a primeira cabeça pensante (sim, as cabeças pensantes gostam dos elogios e do pensamento positivo, pois então!).
- Vamos avançar com isso, assim uma espécie de grupos de supervisão! – dizia a segunda cabeça pensante.
- Não, chamar-lhe supervisão não me parece bem, até porque esta palavra tem sido um pouco maltratada nos últimos tempos – volta a falar a primeira cabeça pensante.
- Está bem, não lhe chamemos grupos de supervisão, podemos chamar qualquer coisa como Grupos de Partilha de Boas Práticas Pedagógicas – encontramo-nos todas as semanas, com grupos pequenos que é para permitir uma maior partilha entre todos/as e assim melhorarmos o trabalho que se faz nos diversos contextos educativos aqui por estas zonas.
Ficaram as cabeças pensantes a delinear tudo isto: Ideia para aqui & Creação para acolá, sobre a forma de operacionalizar tudo isto e se tornar eficaz. Foi então que me lembrei do Mestre por direito e excelência - João dos Santos - com o seu: “Come si va a la Piazza San Marco?”:
“Come si va a la Piazza San Marco?” – perguntei eu a uma menina que jogava à macaca numa pequena praça de Veneza. Passeava um dia por Veneza, dizia eu, quando deparei com uma pequena praça de onde partiam quatro ou cinco ruas, quase que em estrela. Não se via ninguém…a não ser a menina. Jogava sozinha à macaca. Dirigi-me a ela e perguntei-lhe:
- “Dimmmi bambina, come si va a la Piazza San Marco?”
A menina parou espantada, com um pé no ar, e depois de alguns segundos de reflexão voltou ao seu mundo e sem me olhar, continuando a saltar ao “pé-coxinho”, disse-me com ar categórico:
- “Per tutte strade si va a San Marco!”
Eu sabia que era verdade, mas naquele momento ainda não tinha verificado que se tratava de uma verdade tão verdadeira. “
João dos Santos, (1991). Ensaio Sobre Educação – II - O Falar das Letras. Livros Horizonte.
O resto da história fica para depois, quando trabalharmos em conjunto e partilharmos dúvidas, angústias, necessidades, certezas, sentires, vivências, desassossegos interiores como profissionais, mais certezas e mais desassossegos e mais dúvidas e… esperamos por vocês!
Inscrevam-se!!!
Célia Gandres,
Educadora de Infância e Psicóloga Educacional