sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"DURMO NA CAMA DOS MEUS PAIS, PORQUÊ, NÃO POSSO?”

Os pais e mães deste Planeta à beira mar plantado, o Planeta das nossas casas, vivem actualmente com a cabeça imersa em teorias dos psicólogos que teimam em ensinar como fazer e como não fazer. Também me dirijo a mim, obviamente. Do que ouvimos e do que vivemos, vai uma distância do tamanho do Planeta. Qualquer um que queiram considerar. Até pode ser aquele pequenino do Principezinho.
E se acrescentarmos a este ouvir e viver o que sentimos, pronto, ficamos perdidos e a ansiar que nos tirem deste sufoco.
Vamos por partes. Podemos olhar para a questão do topo da página por muitas perspectivas que davam para vários estudos durante anos e anos, abrangendo todos os envolvidos – mãe, pai, criança, irmãos … e até os vizinhos que comentam no dia seguinte: “Ontem ouvi o A. a gritar, bem, acho que berrava a chamar pela mãe e até falei para a minha Maria – lá está o A. a querer que a mãe o leve para a sua cama”.
Simpático o vizinho e mais um elemento a acrescentar à lista dos envolvidos. Claro que estava educadamente a dizer que a gritaria era mais que muita e não estava para ter mais do mesmo na próxima noite. É que a sua Maria tem que pôr a televisão muito mais alta para ouvir as suas imperdíveis telenovelas.
Vizinhos a contar para os tais estudos à parte e vamos aos outros envolvidos.
A mãe!
Quando lê os livrinhos todos dos psicólogos e pediatras do desenvolvimento não pode agir de outra forma – a criança dorme no seu quarto e os pais na cama grande lá de casa. Mas, há as mães que gostam dos pais e há as mães que suportam os pais. As mães que gostam dos pais ficam contentes com as teorias dos livros porque assim a sua consciência dorme também descansadinha quando a criança chora e a mantém na sua caminha, firmemente falando e agindo com toda a segurança do mundo. A criança acaba por adormecer e percebe que é naquela cama mais pequena o seu lugar. E, a mãe volta à cama grande e dorme fantasticamente junto ao seu querido companheiro que coincide com o facto de ser também o pai do filho. Quando tudo acontece assim, temos as teorias a terem razão, a mãe também e o pai a dormir um sono tranquilo. (depois falaremos do pai!)
Depois há as mães que suportam o pai. Aqui, não sei se conseguimos manter vivas as teorias dos livros. Quantas vezes é que este pessoal que escreve livros sobre crianças, não fez o que escreveu com os seus próprios filhos? Quantas vezes? E, estou eu aqui a cansar-me a ouvir o ressonar do Manuel Maria e a sentir o seu hálito que, não sei porquê, ultimamente dá-me a volta ao estômago? Coitado, ele até é querido, vai às compras e tudo mas, desde que ouvi aquele telefonema com uma voz tão melosa e, até hoje não percebi quem era!
Pois, como estas mães lêem muitos livros e revistas e derivados, não têm tempo para falarem com o seu companheiro sobre o que realmente importa. Fica tanta coisa por dizer que vão suportando o dia a dia e a noite a noite. Mais uma noite em que vou dormir no quarto do A., ele assim não chora e tu dormes a noite toda mais descansado. Ou, outra versão, eu e o A. (o filhote) dormimos na cama grande e o pai vai dormir na cama pequena. Dormimos na Paz do Senhor (metemos sempre a Divindade nestas coisas!) e o vizinho também. A vizinha quer mesmo é continuar com as suas telenovelas e nem conhece o A.
Para a próxima vamos falar dos pais que gostam das mães e dos pais que suportam as mães. Ficando ainda os irmãos mais novos, esses extraterrestres que resolveram aparecer da barriga da minha mãe e são mais uns para ocupar a cama grande e, muitas vezes, a casa toda.
Até breve!
Célia Gandres
Psicóloga Educacional

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