sábado, 4 de dezembro de 2010

Como escolher um brinquedo?

Estamos em Dezembro, e caminhamos a passos largos para o Natal.
Sempre que vamos a uma superfície comercial encontramos adultos a percorrer corredores enormes em busca do brinquedo perfeito.

Como devemos escolher um brinquedo?
Bom já sabemos que temos de ter em conta a idade da criança!
A nossa primeira sugestão é que os brinquedos têm de divertir, mas têm de ser simples, procurando estimular a criatividade e a abstracção. Devem permitir a exploração continuada, estimulante e segura. Até aos 3 anos é normal que as crianças mudem frequentemente de brinquedos, pois a sua descoberta é feita por partes.

1 Ano de idade
Nesta fase Brincar é um acto tão espontâneo e natural para a criança quanto comer, dormir, andar ou falar. Logo que descobre as próprias mãos, a criança brinca com elas e o mesmo acontece com cada descoberta do seu corpo. Diverte-se com a voz quando balbucia os primeiros sons; cospe a chupeta ou o alimento vezes seguidas; atira, incansavelmente, um objecto ao chão, desafiando a paciência de quem o apanha. Desta forma, a criança vai descobrindo o seu próprio corpo e vai tomando consciência de si mesma. Paralelamente vai tomando consciência do que se passa à sua volta, distinguindo, progressivamente, o eu e o outro.
Assim ao escolher um brinquedo temos de pensar que é necessário que a criança estimule a motricidade fina, a coordenação motora e a marcha. Desta forma, os brinquedos para montar (com várias formas, cores vivas, diferentes tamanhos que encaixam uns nos outros, argolas, cubos, etc.) são um óptimo exemplo de brinquedos adequados a esta fase de desenvolvimento. Brinquedos de empurrar ou puxar são, igualmente, adequados.

2 Anos de idade
Nesta fase de desenvolvimento, a criança já adquiriu alguma linguagem, aumentou as suas competências motoras e consegue já um nível considerável de coordenação, que lhe permite actividades como chutar uma bola ou andar de triciclo. Desta forma, brinquedos em que o acto de puxar ou carregar num botão, desencadeia algum acontecimento (ex.: uma melodia, o aparecimento de um boneco, o som de um animal) são altamente apreciados pelas crianças e muito eficazes ao nível da estimulação sensorial e da compreensão causa-efeito. Outros brinquedos muito eficazes nesta fase são os cubos de empilhar (o gozo, por vezes, estará em fazê-los cair…); jogos de relacionamento de formas; um “ginásio” onde as crianças possam subir, trepar, equilibrar-se e praticar as suas competências motoras; bolas moles e macias que possam ser agarradas pelas crianças, por forma a que elas descubram o movimento de rolar; carros onde se possam sentar e andar com movimentos de pés; bonecos de plástico representando a sala, a cozinha, a casa de banho (o que permite iniciar o processo de fantasia com brinquedos que representam a realidade); e livros de imagens simples (os pais podem contar uma história associada às imagens).
É por volta dos dois anos de idade, quando aprende a manusear os objectos e a explorá-los, que a criança começa a invocar imagens e símbolos, fazendo emergir as suas capacidades representativas. É igualmente nesta idade que a criança começa a estruturar a linguagem e a associar as palavras aos actos. É frequente vermos uma criança desta idade a brincar ao faz-de-conta ou a falar enquanto brinca, interiorizando diferentes personagens. A criança tem agora capacidade de conseguir transformar um objecto tão simples como uma caixa, em coisas tão complexas como um carro, um avião ou um comboio, imitando os seus sons, os seus movimentos e as suas características, tornando possível transformar um desejo em realidade, através das imagens mentais.

3 Anos de idade
O desenho, a pintura, a colagem, a moldagem com plasticina, entre outras actividades, surgem, nesta fase, como um excelente meio para as crianças expressarem ideias e conceitos que ainda não sabem verbalizar. Os puzzles são, igualmente, uma actividade muito eficaz na estimulação da coordenação visuomotora e do raciocínio. É importante, nesta idade, que as crianças tomem contacto com jogos ou brincadeiras mais estruturados, isto é, com regras. Assim, as crianças aprendem a importância das normas para o jogo em grupo.

4/5 Anos de idade
O que caracteriza esta idade é o desejo de jogos colectivos, que potenciem a aprendizagem cognitiva. As crianças têm já grande coordenação, quer ao nível da motricidade fina quer grossa. Devem, por isso, estimular-se momentos de jogo conjunto e momentos de jogo a sós. Os jogos de construção levam a que, se feitos em grupo, se planeie, discuta, projecte e se aprenda a respeitar a vontade e as ideias do outro, e a trabalhar conceitos matemáticos como a seriação e a classificação. Os jogos de mesa são também muito apreciados pelas crianças nesta idade e são muito eficazes na estimulação da atenção, da observação e da memorização. A aprendizagem de novas canções permite às crianças estimular a memorização, adquirir mais vocabulário, desenvolver a motricidade grossa, interiorizar regras, expressar o sentido rítmico, explorar o corpo e complementar a noção de espaço e de tempo, valorizando também a sua auto-estima. As brincadeiras de grupo permitem o estabelecimento e reforço das amizades. Os conflitos de interesses são um bom estimulo à negociação, argumentação e diplomacia.
Nesta idade, a criança já sabe que está a “fazer teatro” ou a “brincar a …”, distinguindo estes jogos da realidade. Quando brinca com carrinhos percebe que estes carrinhos não são o carro em que viaja todos os dias. Já percebe a noção de conjunto e já é capaz de dividir objectos segundo as formas, as cores, relações funcionais, etc. A linguagem vai-se tornando cada vez mais complexa e a criança vai sendo capaz de utilizar conceitos abstractos, como os números, por exemplo. Nesta fase, a criança torna-se particularmente sonhadora e fantasiosa nas suas brincadeiras.

5/6 Anos de idade
Nesta fase de desenvolvimento, todo o tipo de jogos que estimulem e enriqueçam o vocabulário das crianças, são jogos muito eficazes. Da mesma forma, jogos que permitam às crianças explorarem a imaginação (ex.: contar e inventar histórias), que lhes permitam a dramatização e a improvisação e, ainda, jogos que lhes proporcionem o desenvolvimento da memória (ex.: brincadeiras que impliquem atenção e observação de detalhes) são muito úteis, tanto para o seu divertimento como para o seu desenvolvimento. Todo o tipo de actividades que proporcionem a criação de hábitos de respeito às regras, como os jogos colectivos, são um bom exercício para a promoção de atitudes de integração.

Acima dos 6 anos de idade
Nesta idade, iniciam-se os jogos de regras, que apelam à destreza física, à estratégia, ao raciocínio, à interacção e à cooperação. A forma como a criança joga releva a sua personalidade e a forma como esta está estruturada para se relacionar com o mundo, o que é claramente visível nos sentimentos que o ganhar ou perder lhe provocam. Aos poucos a criança vai melhorando a sua coordenação motora até estar completamente preparada para dominar brinquedos como a bicicleta ou outros que exijam pontaria e destreza.
São aconselhados jogos que estimulem a concentração, a precisão, e a perseverança, brincadeiras de grupo desafiantes e jogos de classificação e organização.

Seja qual for a idade, BRINCAR é muito mais importante que o brinquedo, e a interacção com a família e com outras crianças é imprescindível em qualquer idade.
Ao brincar a criança:
ü      aprende a lidar com a frustração, quando, por exemplo, não ganha um jogo.
ü      estimula e apura a sua concentração e aumenta os seus níveis de atenção.
ü      aprende a conviver com os outros.
ü      estimula a sua curiosidade, auto-confiança e autonomia.
ü      experimenta, descobre, inventa, aprende, negoceia.

Brincar é indispensável à saúde física e ao bem-estar emocional e intelectual da criança.


Assim os pais devem:
Ø    Estar presentes nas brincadeiras, pois a presença do adulto desafia a criança a querer mostrar que sabe e que é capaz de jogar com alguém maior do que ela;
Ø    Deixar a criança explorar livremente o brinquedo;
Ø    Sugerir, estimular, explicar, sem impor nenhuma forma de agir para que a criança aprenda descobrindo e compreendendo;
Ø    Participar ouvindo, motivando a fala, o pensamento e a criatividade;
Ø    Escolher brinquedos adequados à idade, ao nível de desenvolvimento e ao gosto da criança;
Ø    Incentivar a criança a pensar de forma independente, fornecendo-lhe opções e permitindo-lhe fazer escolhas;
Ø    Proporcionar tempo e espaço adequado para brincar;
Ø    Proporcionar diversidade de materiais, experiências e interacções sociais; 
Ø    Ler e contar histórias, conversar com a criança e ouvir o que ela tem para dizer;
Ø    Mostrar à criança que o jogo, o movimento, o desenho ou a leitura, podem ser tão ou mais divertidos que a televisão ou a playstation;
Ø    Encorajar a cooperação e a partilha.

Neste Natal, para além dos brinquedos que oferecer, procure tirar algum tempo e BRINQUE, vai ver que isso fará com que qualquer criança se sinta muito mais feliz!

  Ana Rita Barros    
Psicóloga Educacional

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