Hoje fui ver este filme. Nomeado para 12 categorias na corrida dos Óscares, saiu com 4, entre eles o de melhor filme e de melhor ator – Colin Firth (de quem também sou fã, desde o tempo das comédias românticas), o de melhor realizador (Tom Hooper) e de melhor argumento original, que na hora de agradecer com a pompa e circunstância do costume, agradeceu à sua Mãe. Só lhe fica bem, claro está!
Mas, eu não estou aqui para falar dos Óscares, como calculam! Apetece-me falar deste filme pelo que senti de uma luta interna para vencer as adversidades! Já devem ter ouvido falar que se trata de um problema de gaguez. Muito poderíamos aqui falar sobre esta dificuldade da comunicação (voltaríamos à mãe mas isso é tema para abordagens mais profundas e muito da área da psicanálise e afins) mas, sem perder o ponto de que, se falo muito, tiro o interesse a quem ainda não viu o filme, ficou em mim o sentimento do que precisamos fazer para superarmos as nossas dificuldades. Falamos das internas, porque das externas existem agora muitos centros de estética, ginásios e sucedâneos e também cursos de gestão doméstica e como gerir um orçamento que se tem tornado mais pequeno para o agigantar do que sai dos nossos bolsos. Enfim!!
Vamos então às dificuldades internas. No outro dia um amigo falava que, para nós psicólogos, é gira a frase do Jorge Palma – “nódoas negras sentimentais” – a música não me lembro agora mas também sou fã do cantor e letrista.
Acho brilhante as “nódoas negras sentimentais” – não as que temos e teimamos em deixar ficar. Quando era pequenita e as tinha por fora, havia o “Hirudoid” (ainda existe?) mas, depois fui crescendo e acumulei algumas por dentro, como é natural a todos nós que crescemos por fora e nos damos muito de dentro! Depois do negro, ficam amarelitas, aquele amarelo sem graça que não tem nada que ver com a cor do Sol. Até que desapareciam. Ficava só a recordação que nos tínhamos magoado em tal sítio (as minhas pernas e joelhos acumularam muitas da bicicleta e do skate e de jogar à bola – uma verdadeira “Maria rapaz” – detesto o termo mas não me ocorre outro..) e pronto!
Mas, nos tempos que correm, temos o gelo, Ah, o gelo! Faz maravilhas a qualquer nódoa negra mais “feeita” que teime em permanecer. Uns tempos com gelo e, zás, sai o inchaço e a nódoa negra vai embora mais depressa.
No filme, o principal (o rei, o tal giro do Colin Firth) tinha várias nódoas negras internas. Teimaram em ficar. Naquele tempo, a monarquia não ia ao psicólogo e hoje quando vai também ninguém sabe. Acontece-nos a todos! E, as suas nódoas negras traduziram-se na gaguez. E, o Rei não foi ao psicólogo mas encontrou um excelente terapeuta da fala (termo mais recente, não o daquele tempo) que lhe foi pondo gelo, gelo e mais gelo e pronto, não posso contar mais – vejam o filme!
Outra grande amiga fala em arrumar as gavetas! As do nosso interior, entenda-se. (as outras há as empresas de “Áfrican maid e Ucranian maid e Brazilien maid). Portanto, entre o arrumar de gavetas e as nódoas negras vai um passão. Um passinho, se quisermos ajuda para que as negras não fiquem em ferida e, depois é que é o bom e o bonito. Estamos arrumados, quer dizer, feitos!
Bem hajam e vão ao cinema!
Célia Gandres
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